Pequena crônica sobre Unaí

Biiicho,moro na rua da Serra, mas já morei na Luiz Alves, Cachoeira, Canabrava, Melo Viana, São João, Pres. Bernardes, era um tempo em que o aluguel era caro e eu via minha mãe e meu pai se debatendo para nos deixar sobrevivendo, as coisas não iam muito bem naqueles anos noventa, mas havia uma perspectiva (não da nossa parte) de que tudo melhoraria já que agora teríamos um presidente eleito diretamente por nós, diziam.

Metade da população era mais analfabeta do que é hoje, minha mãe era e meu pai também, hoje sabem o beablá e mascaram as estatísticas. O Tancredo morreu ( ou foi assassinado) e quem assumiu foi o Sarney que tá vivo e até hoje 'mama' nas tetas do erário público sem necessidade. Então vão às urnas, colocar o papelzinho com o X no candidato que querem eleger depois de 500 anos de massacre social e caem na primeira galhofa marketeira do bonitão 'caçador de marajás', o primeiro presidente que elegeram saiu pela porta do fundo demitido por justa causa sem direito a nenhum benefício e ainda ficaria inelegível por quatro anos. Justo? Idiotas, se eu roubar eu vou preso!!! Se eu matar pessoas, mesmo que (in)diretamente no desvio de recursos destinados a construção de hospitais ficaria no mínimo uns oito anos na PAOJ, fora o afastamento social que suportaria devido ao preconceito contra os pobres .

Tá, tá, tá... O que eu quero falar é sobre Unaí naquele período pós diretas já, politicamente falando.

Saint'Clair ficou na cadeira[cadeia foi outro mais recente] do executivo por seis anos ( 77 a 83), segundo a Prefeitura Municipal "No seu mandato, construiu o prédio do Fórum, em convênio com a Companhia de Desenvolvimento Urbano de Minas Gerais." Devemos muito a ele (estou sendo irônico), o infeliz em seis anos não fez absolutamente nada que não fosse para o próprio benefício, aliás prática comum por aqui até hoje.

Naquela época, eu me lembro, faziam comícios que pareciam espetáculos, aliás eram espetáculos, com shows de variedades, música, distribuição de prêmios e ataques de baixo calão proporcionado pelos candidatos que subiam nos palanques, uns com a lábia voraz e sofismática agraciando o ouvido dos eleitores com promessas irrealizáveis, outros coitados em seu analfabetismo faziam graça com seus clichês políticos.Eu querendo ganhar a bicicleta lá no fundo com meu bilhetinho aguardando o sorteio dos prêmios.Quem ganhou? A bicicleta eu não sei, mas a eleição foi "vencida" pelo Sr. Digníssimo Adélio Martins Campos que em seu primeiro mandato (83 a 88)criou o NADA e o NADA,mas esses dois nadas foram o suficiente para que até hoje ainda se ouça falar com orgulho o seu nome comparado a outros que levaram TUDO. Bem, tá ficando chato e vazio demais esse texto, vou resumi-lo para não entediá-los. Depois disso assumiu um carinha que já tinha assumido por duas vezes antes de Saint'Clair , em seu terceiro mandato e com o jingle "O nome dele é Tão, Tão Tão" o Sr. Sebastião Alves Pinheiro sentou novamente na cobiçada cadeira até 1992, notável cidadão unaiense homenageado com um busto de bronze na praça JK(prefeitura). Digamos que ele não fez nada também, nada que não fosse o mínimo obrigatório para quem administra uma cidade naqueles tempos, por isso o 'merecido' reconhecimento.Depois veio o Adélio de novo no seu segundo mandato para fazer o quê? Adivinhem. Nada, mas segundo o site da Prefeitura Municipal " No setor educacional propiciou grande progresso. Foram executados trabalhos de construção, reforma e ampliação de mais de 60 escolas municipais rurais. Quanto à saúde, construiu sete postos na zona rural e quatro na zona urbana", tenho que dizer que nessa época era criado o SUS e eu até imagino como foram essas reformas nas escolas rurais, ou seja ele não fez nada de novo. Parece que estão aprendendo a lição, estão não, estamos em 1997 e agora eu voto.

Apesar de eu poder votar, nada pude fazer para evitar que caíssemos nas mãos do interesse individualista dos descompromissados com a cidade de Unaí. Desde então Unaí teve dois prefeitos o Sr. José Braz de Silva que asfaltou os bairros Canaã e Novo Horizonte em oito anos de prefeitura e seu sucessor Antério Mânica que foi eleito prefeito da cidade no dia 04/10/2004, com 72,37% dos votos válidos ainda na cadeia, pasmem, preso sob acusação de ser mandante de um crime hediondo. Reeleito em 2008, permanecerá frente ao Executivo até 31 de dezembro de 2012 se não ocorrer nenhum acidente inesperado com ele nesses dois anos que lhe restam.

A lição de moral vem na próxima crônica.

Compreendeu? É isso então.